Mobilizações
Uma semana que será tensa
Petroleiros anunciam greve para quarta-feira; em Pelotas, ônibus têm horário diferenciado e universidades suspendem atividades
Renata Giraldi, da Agência Brasil Brasília e Agência Brasil
No momento em que o governo federal negocia o fim da paralisação dos caminhoneiros, que entra nesta segunda-feira (28) no oitavo dia, os petroleiros organizam uma greve nacional "de advertência". A paralisação de 72 horas será a partir da próxima quarta-feira. A mobilização é liderada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e os sindicatos filiados.
Os petroleiros prepararam ontem atrasos e cortes de rendição nas seis refinarias e fábricas de fertilizantes: Rlam (BA), Abreu e Lima (PE), Repar (PR), Refap (RS), Araucária Nitrogenados (PR) e Fafen Bahia. Para hoje, a FUP e seus sindicatos promovem o Dia Nacional de Luta, com atos públicos e mobilizações. Em nota, a FUP informou que a paralisação dos petroleiros pretende pressionar o governo federal a reduzir os preços do gás de cozinha e dos combustíveis, e também é uma manifestação contra a eventual proposta de privatização da Petrobras e a gestão do presidente da empresa, Pedro Parente.
"A greve de advertência é mais uma etapa das mobilizações que os petroleiros vêm fazendo na construção de uma greve por tempo indeterminado, que foi aprovada nacionalmente pela categoria", diz o comunicado.
Equipe econômica
O presidente Michel Temer (MDB) esteve reunido na manhã de ontem, no Palácio do Planalto, com ministros para avaliar o andamento das negociações para o fim das paralisações dos caminhoneiros. A categoria fez novos pedidos: a redução de 10% do preço do diesel diretamente na bomba, válida por dois meses. A equipe econômica foi chamada ao Palácio. Participaram da reunião os ministros da Fazenda, Eduardo Guardia, e do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Esteves Colnago, e o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.
Já o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, afirmou que o foco das ações em torno da greve dos caminhoneiros é "buscar a solução da crise sem conflitos". Por meio de sua conta no Twitter, o general voltou a dizer que o bem-estar social deve prevalecer sobre "interesses pontuais" e "privilegiar o abastecimento de itens imprescindíveis". "Desejamos, o mais rápido possível, a solução desse desafio, a fim de mitigar as dificuldades crescentes da população. Reafirmamos como diretriz operacional o foco no bem-estar social e na perene negociação para evitar conflitos entre os atores diretamente envolvidos", declarou.
Senado fará votação
O presidente do Senado, Eunício Oliveira, convocou para hoje, às 16h, sessão deliberativa extraordinária para votar as seis medidas provisórias que trancam a pauta e o requerimento de urgência para votação do projeto que regula os preços de fretes rodoviários (PLC 121/2017), uma das reivindicações do movimento de caminhoneiros incluída no acordo firmado com o governo federal.
Gás de cozinha
Em comunicado ontem, o Sindicato das Empresas Distribuidoras, Comercializadoras e Revendedoras de Gases em Geral no Estado do Rio Grande do Sul (Singasul) informou que a realidade aferida nas primeiras horas da manhã era "de desabastecimento quase total das revendas (acima de 90%)". A perspectiva era de retomada das atividades de engarrafamento de botijões pelas distribuidoras hoje, com gradual formação dos estoques médios do produto ao longo das próximas duas semanas, mas havia preocupação com o início da greve dos petroleiros na véspera do feriado.
Decisões nesta segunda-feira
Em Pelotas esta segunda-feira será de decisões. Sem a entrada do combustível na cidade para abastecer os postos, o que não ocorreu no final de semana, a tendência é de que vários serviços deixem de ser prestados, já com data definida. Na tarde de hoje órgãos, instituições e entidades pretendem avaliar a situação e anunciar novas medidas.
O expediente na prefeitura de Pelotas será normal hoje. Os atrasos serão relevados por conta das dificuldades no transporte. A prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) fará uma reunião com o GGI e o Gabinete de Crise, às 17h30min, para avaliar a situação e definir as medidas necessárias. Os veículos das secretarias seguem em racionamento e o consórcio responsável pelo transporte coletivo garante o funcionamento da frota até amanhã. Serão utilizados os horários da tabela de sábado e não haverá o "corujão" - a última saída do Centro será à meia-noite e meia.
Os veículos da Secretaria de Saúde (SMS) foram abastecidos no sábado. Apesar disso, como não é possível prever até quando será necessário racionar combustível, a prioridade é para casos de urgência, transplante de órgãos e o transporte de pacientes que utilizam a hemodiálise.
Apesar de as escolas municipais já enfrentarem dificuldades para distribuir merenda aos alunos, o transporte escolar ainda funcionará hoje. Diretores das instituições estão preocupados, pois professores podem ter dificuldade de chegar para as aulas. Em alguns colégios, itens como arroz, açúcar e leite já faltam nas despensas. O gás de cozinha também é outro item que chega às escolas com dificuldade. Na Colônia de Pelotas, as escolas Marechal Rondon e João da Silva Silveira não funcionam à noite - já que a empresa Bosembecker não está mais fazendo o transporte.
Sanep opera com horário reduzido
O atendimento do Sanep segue em horário reduzido: das 12h30min às 18h30min. O serviço de coleta seletiva no perímetro urbano e de de resíduos na Zona Rural permanecem suspensos. O recolhimento de lixo nos Ecopontos paralisa a partir de hoje.
Restaurante Popular até amanhã
Com a dificuldade de receber alimentos por conta da paralisação dos caminhoneiros, o Restaurante Popular utiliza itens do seu estoque para garantir almoço das pessoas em situação de vulnerabilidade até amanhã.
Já os veículos da Secretaria de Transporte e Trânsito (STT) circulam apenas em casos de emergência e para atender acidentes. Os agentes utilizam somente motos e realizam rondas a pé.
As viagens intermunicipais funcionam com os horários de sábado nos dias normais e, de domingo, no final de semana. A Estação Rodoviária de Pelotas adotou a suspensão do serviço de encomendas, enquanto a paralisação nas estradas permanecer.
Aulas no Estado
A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) está orientando as Coordenadorias Regionais de Educação (Cres) a suspenderem as aulas nesta segunda-feira em toda a rede pública estadual, devido à greve dos caminhoneiros. A Seduc informa também que hoje estará avaliando a manutenção ou não desta suspensão, atenta aos desdobramentos da greve.
Lojas
A direção do Sindicato do Comércio Varejista de Pelotas (Sindilojas), de acordo com o presidente Gilmar Bazanella, fará uma reunião hoje para definir sua posição em relação ao quadro atual da cidade. As atividades seguem normais nesta segunda-feira.
UCPel
Em nota emitida ontem em seu site, a Universidade Católica de Pelotas (UCPel) informou que as atividades administrativas serão retomadas normalmente hoje, mas serão compreendidas as restrições relacionadas à locomoção, como atrasos. Está mantida a reunião do Conselho Universitário, marcada para ocorrer pela manhã, porém, permanecem suspensas as atividades acadêmicas, resguardadas aquelas ajustadas entre professores e alunos. As atividades na área de saúde estão mantidas, no atendimento à população no Hospital Universitário São Francisco de Paula, nas Unidades Básicas de Saúde administradas pela UCPel e no Campus da Saúde, exceto por absoluta impossibilidade de locomoção das equipes de trabalho. Está igualmente mantido o funcionamento do Lar da Criança São Luiz Gonzaga. Um novo comunicado sobre a manutenção ou não das decisões será emitido hoje à tarde, após nova análise da situação.
UFPel
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) mantém o anúncio da última sexta-feira e todas as atividades acadêmicas estão suspensas. Já as atividades administrativas estão mantidas, mas pede-se a compreensão das chefias por eventuais atrasos ou descontinuidade nos serviços. Hoje à tarde a Administração Central também irá se reunir para avaliar a situação e emitir comunicado com novas orientações.
Manifestação pedem intervenção militar
Uma manifestação pedindo intervenção militar marcou a manhã de ontem em Pelotas. O protesto pacífico ocorreu na avenida Duque de Caxias, em frente ao 9º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMtz) e contou com a presença de centenas de pessoas.
Com faixas, buzinas e cartazes, os manifestantes trancaram a via de forma intercalada durante mais de uma hora e receberam o apoio de muitos motoristas. Por volta das 11h, a avenida foi totalmente bloqueada para a realização de um ato público. Além da intervenção, o pedido geral era pela baixa do preço dos combustíveis e pela saída do presidente Michel Temer.
De acordo com um dos organizadores do movimento, o caminhoneiro Márcio Feijó, a intervenção do Exército é a única saída para o país. "O governo que está no Brasil não vai atender às reivindicações. Até mesmo a melhor proposta será pra manter o setor do transporte definhando. Assim nós vamos quebrar trabalhando. Nós aqui não estamos mais em greve, esse movimento é pra tirar o presidente", disse.
Feijó também destacou que o movimento em Pelotas é organizado e que não há ocorrências de bloqueio de pista, fato confirmado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Após a manifestação, o grupo se dirigiu ao Posto Coqueiro, onde pretendia permanecer.
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